segunda-feira, 11 de junho de 2007

Alterações climáticas: o desafio civilizacional

Por todo o mundo hoje se fala das alterações climáticas. E assim não poderia deixar de ser. O aumento da temperatura do Planeta coloca em risco a vida de milhões de pessoas em todo o Mundo.
Evitar a catástrofe ecológica é possível. Temos uma janela de oportunidade de 10 anos para agir se queremos combater as alterações climáticas sem sacrificar aqueles e aquelas que são os mais vulneráveis: os países e comunidades mais pobres.
As alterações climáticas são a expressão mais evidente de como o capitalismo é ecologica e socialmente insustentável. A sua lógica produtivista determina as escolhas que são mais rentáveis no curto prazo: são essas que determinam a exploração dos recursos naturais, a poluição dos ecossistemas e a submissão dos países mais pobres. São também as escolhas que transformam o indivíduo em mero consumidor, como se a qualidade de vida das pessoas se medisse pela posse de mais e mais mercadorias.
Perante a crise ecológica o capitalismo apenas tem uma resposta: criar mais mercados e mercadorias. O Protocolo de Quioto fracassou porque assenta em mecanismos de mercado. Os poluidores continuam a poluir e fazem-no à custa do investimento em projectos ambientalmente duvidosos nos países pobres, acentuando as condições de submissão destes. E nas negociações pós-Quioto o objectivo é reforçar o mercado da poluição, significando que: o peso da redução das emissões poluentes será transferido para os países do Sul, sob uma nova forma de neo-colonialismo, e a redução da poluição não será rápida o suficiente para evitar consequências dramáticas sobre @s mais pobres.
Para enfrentar a crise ecológica é preciso responder estruturalmente ao problema. E essa é uma resposta civilizacional. Porque o que está em causa são as bases de expansão da sociedade capitalista.
O combate pela justiça climática coloca-nos 3 grandes desafios: reduzir o consumo de energia, descarbonizar a economia e alterar as relações Norte-Sul. Para isso, é necessária uma reestruturação profunda dos modos de produção, consumo e vivência social, recolocando o conceito de qualidade de vida fora da ideologia mercantil do consumismo individualista.
Responder à urgência com justiça social só é possível com o planeamento dos recursos colectivos para uma utilização racional de acordo com as necessidades reais das pessoas. E isto exige a ampliação da democracia e a democratização da decisão.
Às respostas do mercado é preciso opor propostas políticas concretas. Só assim é possível criar a relação de forças social necessária para esta mudança radical. Políticas que tenham a ver com a vida concreta das pessoas e que sejam ponto de mobilização social alargada e de convergência entre movimentos sociais.

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