segunda-feira, 2 de julho de 2007

Franjas de Estado Social...

A liberalização do mercado que assolou a 2ª metade do século XX, que ficaria conhecida como Neo-liberalismo e que se afirmou como corrente económica única e hegemónica, após o fim da URSS, configurou uma nova face do capitalismo Mundial: o ataque aos direitos dos trabalhadores conquistados com a prévia emergência do Estado-Providência; a privatização dos recursos naturais e a sua exploração até à exaustão; a apropriação da riqueza natural dos países sub-desenvolvidos pelo “Norte-todo-poderoso”; a especulação financeira; a desertificação dos meios rurais; a insustentabilidade do meio ambiente; a mitificação dos modos de vida urbanos e industrializados: competitividade, precariedade e exclusão-social!


O comércio dita a lei da sociabilização, a capacidade de consumo passa a ser vista como “libertação individual”!


O neo-liberalismo afirmou-se também pela destruição do sistema-social e do Estado-Providência: na educação, na energia, nos transportes, na banca, na habitação!
A Saúde é, em Portugal, um caso paradigmático! No pós – 25 de Abril, a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), fomenta a criação de uma rede de cuidados primários, dispersa pelo país, que servia uma boa parte da população, permitiu a criação de um Plano Nacional de Vacinação adequado, de incremento dos cuidados neo-natais com a diminuição da taxa de mortalidade infantil, criação de centros de cuidados diferenciados em várias capitais de distrito e consagrava-se na constituição a saúde como um bem de acessibilidade universal.
Três décadas depois, como vai a saúde do SNS?...


Fecho de urgências... Deslocação de profissionais para o sistema privado... Precarização das carreiras dos profissionais, com o fim do contracto colectivo de trabalho... Mais de 250000 Portugueses sem médico de família atribuído... Aumento da dívida do Estado à industria farmacêutica... Aumento do preço dos medicamentos com diminuição da comparticipação Estadual... Ataque cego aos benefícios nos sub-sistemas de saúde... Aumento dos lucros das seguradoras privadas para a saúde... Deterioração física das condições de trabalho e de conforto dos utentes... Aumento das taxas moderadoras... Criação de parcerias público-privado... Redução anual progressiva do orçamento estadual para a saúde...


Como vai a saúde do SNS? Fingir acessibilidade para tod@s, fingindo que tod@s estão longe de uma crise económica, ou um doente terminal à espera de uma boa dose de morfina?...
Franjas de um Estado Social, pedaços de conquistas que caem por terra, tempos de um período revolucionário que agora se finge nunca ter existido...!

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